segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Petit fleurs do jardim urbano

Eramos duas
eu e a carne da minha perna
chegou com sua caneta hidrografica pintando o céu de azul intenso
enquanto as ruas se derretiam em purpurina
e o ceu nunca mais foi o mesmo, e as ruas nunca tão brilhantes
chegou para nunca me deixar só

mas por vezes eramos duas
por vezes uma em mim só

ela chegou com seu sorriso libidinoso e infantil
o qual conservou durante os anos perfumados que se seguiram
acrescentou seus paetes numa sinceridade nunca vista
tumultou os corações e pintou todos os labios de suas cores preferidas
e então eramos tres

por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou com seu silencio denso
de poucas palavras essenciais
por vezes dobradas em origamis
por vezes desdobradas em notas musicais
soltou a voz e o silencio, em som e furia e coração profundo
e então eramos quatro

por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou extravagante
espaçosa e ofegante
menina urbana elegante
com estanho coração caipira que de repente se cala, se recolhe, se refugia
e guarda a terra de seu jardim
e então eramos cinco

por vezes quatro
por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou diferente
de tudo que me parecia pertinente
e foi me marcando gradativamente
com pulsos fortes e precisos
determinada em ser grande
com sua beleza de saltos altos
pronta para virar abobora depois da meia noite
e então eramos seis

por vezes cinco
por vezes quatro
por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

e mais uma recentemente
chegou como que de repente
saltando obstaculos em passos largos
pondo lente nova para os mesmos atos
e espalhando belas petalas pela janela
e então eramos sete

por vezes seis, cinco, quatro, tres, duas
petit fleurs do jardim urbano
mas nunca mais sós.

(ago-2009)

4 comentários:

Mayumi disse...

uau!
chorei!
...

Ventos Internos disse...

lindo!
Linda!
Lindas!!!!!!!
:)
te amo muito.
Lu

Bela disse...

para ler as meninas....adorei!!

Noz Moscando disse...

sempre tive vontade de dizer que esse poema é lindo demais. mas tinha vergonha...