sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tudo

Tudo isso e mais um pouco
Tudo aquilo e mais um tanto
Tudo sim ao mesmo tempo
Tudo é podre tudo é santo
Tudo eu ponho tudo eu pego
Tudo eu canto tudo eu calo
Tudo sobe além do alcance
Tudo desce pelo ralo
Tudo agora inesgotável
Tudo afora não sabido
Tudo é um grande mistério
Ou então tudo é libido
Tudo em cima eu agradeço
Tudo ao lado eu desconfio
Tudo é sempre um recomeço
Tudo é sempre um desafio
Tudo que se pensa existe
Tudo que se planta brota
Tudo aqui é só verdade
Tudo ali é só lorota
Tudo é um morango doce
Tudo é um morango azedo
Tudo muda todo instante
Tudo me dá tanto medo
Tudo assim tão demorado tudo assim tão repentino
Tudo é bom, tudo é pecado, ai meus tudo é divino
Tudo é mesmo um só momento
Tudo sempre a mesma hora
E se um dia tudo acaba
Tudo quero e quero agora

(Flávio Tris)

domingo, 30 de outubro de 2011

Segundo silêncio

Não, esse não é o primeiro, já é o segundo.
Que bom que consegui um momento de silêncio.
Por favor telefone não toque! Não por hora.
Esse silêncio é meu presente.

Daqui sinto e vejo a grande e estrondosa roda em movimento à triturar qualquer pequeno ciclo.
Na circunferência interna tudo é mais denso, rígido e permanente, pequena como sou.
Na amplitude externa, janelas para o horizonte do passado e do futuro mesclados. Alguns personagens, paisagens e muitas reticências...

Fico com meu tempo místico, que é o que me vale.

Na ponta, uma mulher espia sobre a colina
um homem questiona o mar
e a vida selvagem rasga em fendas o tempo.

(outubro de 2011)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Refazendo tudo, refazenda

Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo, refazenda. Refazenda toda.
(Gil)

terça-feira, 24 de maio de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

pedacinho de mim

Cada dia mais um pedacinho dela se vai
São lascas de matéria dura e concreta arrancados um a um
Me tiram calorzinhos e afagos únicos, lasquinhas preciosas de um amor que acredito que só entenda que também já os perdeu. Não há histórias, relatos, enfim, palavras que possam dar a dimensão do que a falta dela represente para mim, nem eu mesmo sei o que sou faltando-me minhas lascas.
E cada espaço de materia concreta, dura e quente que se tira, deixa um espaço livre, rarefeito, escuro e seco, aberto para ser preenchido por qualquer coisa de matéria nova, incipiente e frágil.
O tempo de que necessito para escolher a matéria nova a preencher o espaço vazio é maior do que a velocidade com que este espaço se preenche de coisa não escolhida, e ainda por cima não identificável.
Sim, a identificação também leva tempo...
Se pudesse pegava toda a matéria das lascas perdidas, juntava e ficava amassando tempos a fio até se tornar mole e moldável, aproveitando cada apertar dessa massa orgânica.
Queria poder fazer dela o que eu quisesse, moldar até o necessário, até endurecer, esfriar e se encaixar perfeitamente no espaço livre da minha falta.
Ah se a gente pudesse...

Os dias passam e nos sentimos aliviadas pela força que tornou possível superá-lo, e assim seguimos como quando esperamos pacientes por uma fase que sabemos que logo mais se finalizará, porem driblamos os dias fingindo não saber que o contexto é outro, não é uma fase e não vai nunca acabar.
A morte é mais eterna do que a vida.

(abril, 2011)