Bom, estava aqui pensando que o que move um relacionamento
(desses de casal) é o tesão e não o amor.
Outro dia estava lendo o blog do Gustavo Gitti, e ele tem
três posts que refletem sobre porque não casar por amor. Os posts chamam: Casar
por amor é uma péssima ideia! E tem a parte 1, 2 e parte 3.
Alguma coisa dita ali ficou no meu inconsciente pois acordei
hoje pensando sobre isso: o tesão move montanhas. O amor, bom o amor também,
mas...
Pense num grande amor, o maior amor, talvez um amor pela sua
mãe. É um amor gigante, mas nem por isso faz você querer morar junto com ela.
Muita gente casa por carência e porque não consegue viver
sozinho, mas aqui estou pensando nas pessoas que fogem desse perfil, gostam sim
de ficar sozinhos, ficam bem, mas decidem se casar, porque?
O que faz você querer morar junto com alguém? Bom, pode ser
para dividir contas, para fazer e ter companhia, para realizar algum grande
projeto feito em conjunto e que para ele acontecer faça muita diferença estarem
morando sobre a mesma casa. Qual seria? Um obvio é ter filhos. Mas casar
somente para procriar é triste hoje em dia, até porque o pacote que acompanha o
morar juntos, se não for bem administrado pode prejudicar tudo, inclusive os
tais filhos. Quais outros? Das pessoas que conheço que dividem casas e não se
enquadram no perfil das que não conseguem viver sozinhas e nem que precisam de
alguém para dividir contas, eu só conheço um ou outro que são meio hippies e
acreditam muito que a convivência coletiva é revolucionaria e que apesar do
desafio que é, precisamos disso como
sociedade, aprender a partilhar, plantar e colher juntos.
Não julgo essas pessoas, e acho super válido como exercício
de coletividade. Só tenho uma opinião um pouco diferente, acho que valores
coletivos são sim o que temos de mais revolucionário e vivo isso cotidianamente
no trabalho que escolhi para minha vida, mas também acho que boas coletividades
se fazem de bons indivíduos. Juntando um bando de idiotas não fazemos bons
valores coletivos. Então a coletividade
por si só para mim não significa nada.
Ah, mas eu queria era falar sobre tesão, essa coisa
maravilhosa que move montanhas.
Porque acho que é isso, o tesão é uma energia forte, que
anima, que dá vontade de fazer mil coisas e quando é tesão por uma pessoa dá
vontade de avançar sobre ela, num bom sentido.
Quando o tesão é por um namorado, namorada, dá mesmo vontade
de ficar um monte com ela, ele, apertar, morder, comer, lamber, beijar.
Mas o tesão é uma coisinha delicada, que se forma de um
conjunto de outras, e a gente tem que prestar atenção e cuidar muito bem dele,
se não aos poucos ele vai diminuindo, indo embora e aí, sem tesão não há
solução. Quantos casais vivem infelizes em casamentos apesar de se amarem? E
quantos casais vivem infelizes apesar de sentirem muito tesão um pelo outro?
Pra mim isso não existe, tesão e felicidade caminham juntos e se disser que
existe sim casais infelizes mas que morrem de tesão um pelo outro eu tendo achar
que se trata de uma relação doentia, algo meio bizarro.
E como fazer para cuidar do tesão?
Eu comecei a pensar na minha própria lista, e é muito
gostoso listar as coisas que te dão tesão! Recomendo! Só de pensar dá uma
animação, um reencantamento pela vida e vontade de trazer para o cotidiano tudo
isso que está na lista.
E agora tenho mais claro para mim que um namoro, casamento
ao algo do tipo deve ser muito mais um pacto de nutrir o tesão do outro do que
qualquer outra coisa.
Vou confessar que tudo isso, toda essa reflexão, começou num
dia que percebi um acontecimento que estava prejudicando meu tesão pelo meu
namorado. Não estamos há muito tempo juntos e foi a primeira vez que senti
nitidamente que algo estava mexendo comigo de uma forma que meu tesão por ele
mudaria. Fiquei triste a beça. Queria que todo tesão fosse eterno e sempre
inabalável. Mas não é.
Lembrei do Chico em Mil Perdões, desculpo-te por te
traíres... Isso não tem a ver com a letra daquela música mas tem a ver com o
recado dado. Então minha vontade era de dizer: Alerta! Meu amor não faça isso,
preste atenção e vamos cuidar do nosso tesão!
Não se pode relaxar quanto a isso, o outro não é fonte
absoluta e infinita de tesão como pode parecer num momento de descontrolada paixão
de início de relacionamento. Tesão se faz no dia a dia, na logística da vida.
E como passar o recado..? Acho que depende muito do caso, as
vezes dá para simplesmente “contar” ao outro algo que lhe parece importante, e
se o outro se identificar ótimo! Mas nem sempre é assim e para maioria dos
casos outras linguagens surtem mais efeito. Sim, precisa de estratégias...
A todo o momento é importante ponderar sobre pequenos
abusos, esperar do outro o que se espera de sí mesmo ou da vida, não confundir carências!
Corriqueiramente os sentimentos relacionados a acontecimentos do cotidiano
lançam filtros sobre a relação: Estou feliz, entusiasmada, sentindo tesão pela
vida e penso nele com tesão, com vontade de partilhar novidades, de encontrar,
beijar, rir juntos. Ou, estou triste, enfrentando dificuldades com alguma meta,
me sentindo “pra baixo” e começo a ver problemas também na nossa relação com
óticas mais pessimistas... Isso é um perigo! Tesão também se faz na mente.
Assim, o melhor que posso fazer é cuidar da minha felicidade
e com certeza também da felicidade do meu companheiro. Acho que esse é o pacto
subliminar, movido pelo desejo de felicidade e prazer de ambos. Então não “espero”
que ele sinta tesão por mim e sinta prazer comigo, “ajo” para que ele sinta
tesão e prazer comigo. Isso exige atenção e dedicação. Tudo isso com uma
combinação boa de dois indivíduos, que apreciem a felicidade com boas pitadas
sexuais e de humor.
Humor,
sexo, felicidade e tesão, tem inter-relação intima. Divagações sobre
essa inter-relação vão ficar para um próximo texto.(14 de maio -3 de novembro de 2013)