domingo, 3 de novembro de 2013

Sem tesão não há solução!

Bom, estava aqui pensando que o que move um relacionamento (desses de casal) é o tesão e não o amor.

Outro dia estava lendo o blog do Gustavo Gitti, e ele tem três posts que refletem sobre porque não casar por amor. Os posts chamam: Casar por amor é uma péssima ideia! E tem a parte 1, 2 e parte 3.
Alguma coisa dita ali ficou no meu inconsciente pois acordei hoje pensando sobre isso: o tesão move montanhas. O amor, bom o amor também, mas...
Pense num grande amor, o maior amor, talvez um amor pela sua mãe. É um amor gigante, mas nem por isso faz você querer morar junto com ela.
Muita gente casa por carência e porque não consegue viver sozinho, mas aqui estou pensando nas pessoas que fogem desse perfil, gostam sim de ficar sozinhos, ficam bem, mas decidem se casar, porque?
O que faz você querer morar junto com alguém? Bom, pode ser para dividir contas, para fazer e ter companhia, para realizar algum grande projeto feito em conjunto e que para ele acontecer faça muita diferença estarem morando sobre a mesma casa. Qual seria? Um obvio é ter filhos. Mas casar somente para procriar é triste hoje em dia, até porque o pacote que acompanha o morar juntos, se não for bem administrado pode prejudicar tudo, inclusive os tais filhos. Quais outros? Das pessoas que conheço que dividem casas e não se enquadram no perfil das que não conseguem viver sozinhas e nem que precisam de alguém para dividir contas, eu só conheço um ou outro que são meio hippies e acreditam muito que a convivência coletiva é revolucionaria e que apesar do desafio que é,  precisamos disso como sociedade, aprender a partilhar, plantar e colher juntos.
Não julgo essas pessoas, e acho super válido como exercício de coletividade. Só tenho uma opinião um pouco diferente, acho que valores coletivos são sim o que temos de mais revolucionário e vivo isso cotidianamente no trabalho que escolhi para minha vida, mas também acho que boas coletividades se fazem de bons indivíduos. Juntando um bando de idiotas não fazemos bons valores coletivos.  Então a coletividade por si só para mim não significa nada.

Ah, mas eu queria era falar sobre tesão, essa coisa maravilhosa que move montanhas.
Porque acho que é isso, o tesão é uma energia forte, que anima, que dá vontade de fazer mil coisas e quando é tesão por uma pessoa dá vontade de avançar sobre ela, num bom sentido.
Quando o tesão é por um namorado, namorada, dá mesmo vontade de ficar um monte com ela, ele, apertar, morder, comer, lamber, beijar.
Mas o tesão é uma coisinha delicada, que se forma de um conjunto de outras, e a gente tem que prestar atenção e cuidar muito bem dele, se não aos poucos ele vai diminuindo, indo embora e aí, sem tesão não há solução. Quantos casais vivem infelizes em casamentos apesar de se amarem? E quantos casais vivem infelizes apesar de sentirem muito tesão um pelo outro? Pra mim isso não existe, tesão e felicidade caminham juntos e se disser que existe sim casais infelizes mas que morrem de tesão um pelo outro eu tendo achar que se trata de uma relação doentia, algo meio bizarro.

E como fazer para cuidar do tesão?
Eu comecei a pensar na minha própria lista, e é muito gostoso listar as coisas que te dão tesão! Recomendo! Só de pensar dá uma animação, um reencantamento pela vida e vontade de trazer para o cotidiano tudo isso que está na lista.
E agora tenho mais claro para mim que um namoro, casamento ao algo do tipo deve ser muito mais um pacto de nutrir o tesão do outro do que qualquer outra coisa.
Vou confessar que tudo isso, toda essa reflexão, começou num dia que percebi um acontecimento que estava prejudicando meu tesão pelo meu namorado. Não estamos há muito tempo juntos e foi a primeira vez que senti nitidamente que algo estava mexendo comigo de uma forma que meu tesão por ele mudaria. Fiquei triste a beça. Queria que todo tesão fosse eterno e sempre inabalável. Mas não é.

Lembrei do Chico em Mil Perdões, desculpo-te por te traíres... Isso não tem a ver com a letra daquela música mas tem a ver com o recado dado. Então minha vontade era de dizer: Alerta! Meu amor não faça isso, preste atenção e vamos cuidar do nosso tesão!
Não se pode relaxar quanto a isso, o outro não é fonte absoluta e infinita de tesão como pode parecer num momento de descontrolada paixão de início de relacionamento. Tesão se faz no dia a dia, na logística da vida.
E como passar o recado..? Acho que depende muito do caso, as vezes dá para simplesmente “contar” ao outro algo que lhe parece importante, e se o outro se identificar ótimo! Mas nem sempre é assim e para maioria dos casos outras linguagens surtem mais efeito. Sim, precisa de estratégias...
A todo o momento é importante ponderar sobre pequenos abusos, esperar do outro o que se espera de sí mesmo ou da vida, não confundir carências! Corriqueiramente os sentimentos relacionados a acontecimentos do cotidiano lançam filtros sobre a relação: Estou feliz, entusiasmada, sentindo tesão pela vida e penso nele com tesão, com vontade de partilhar novidades, de encontrar, beijar, rir juntos. Ou, estou triste, enfrentando dificuldades com alguma meta, me sentindo “pra baixo” e começo a ver problemas também na nossa relação com óticas mais pessimistas... Isso é um perigo! Tesão também se faz na mente.

Assim, o melhor que posso fazer é cuidar da minha felicidade e com certeza também da felicidade do meu companheiro. Acho que esse é o pacto subliminar, movido pelo desejo de felicidade e prazer de ambos. Então não “espero” que ele sinta tesão por mim e sinta prazer comigo, “ajo” para que ele sinta tesão e prazer comigo. Isso exige atenção e dedicação. Tudo isso com uma combinação boa de dois indivíduos, que apreciem a felicidade com boas pitadas sexuais e de humor.
Humor, sexo, felicidade e tesão, tem inter-relação intima. Divagações sobre essa inter-relação vão ficar para um próximo texto.

(14 de maio -3 de novembro de 2013)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

para guardar na memória

Daqui a pouco faz um ano que me mudei enfim dessa cidade que nasci, São Paulo.
Hoje em dia quando me perguntam "de onde eu sou" e respondo São Paulo, sinto um certo desconforto em dizer. Piração da minha cabeça, lógico. Fico pensando em que a pessoa pensa a partir da minha resposta.

Eu desejo, do fundo da minha alma, pensar menos no que as pessoas pensam. Não sei de onde veio isso em mim, me colocar sempre num terceiro lugar onde observo o que falo e o que a pessoa fala, analisando tanto esse fenômeno "conversar", como se eu também fosse espectadora de mim mesma.
Quero pensar menos me vendo de fora, e quero ser mais o meu dentro, naturalmente, sem tantas analises.

Bom, mas o fato é que essa semana tive uma sensação mais forte de que enfim, cheguei.
Deve ser decorrente da mudança para a casa nova, um apartamento vazio, onde tudo está começando do zero. Não tem moveis, as minha coisas, roupas, comidas, livros, louças, plantas, estão todas espalhadas pelo chão. Minha mesa é uma caixa de papelão, minha cama um sleeping e as roupas são lavadas na mão.
E sinto que não preciso de muitas coisas.
Ontem sai para fazer compras de mercado e algumas coisas de casa de material de construção. Passei também num mercadinho para trocar uma peça que comprei que serve para fechar cano de água, e que não serviu. Quando comprei fiquei um tempão conversando com o dono do mercado, um chileno sério de uns 50 anos, sobre qual a peça que eu precisava para fechar o cano da cozinha. Quando voltei, ele não estava e sim sua esposa que iniciou a conversa de forma ríspida porque não queria trocar a peça apesar do marido ter combinado comigo que se não servisse eu poderia trocar. Mas não sei o que fez a dureza de pedra daquela mulher se dissolver em tão poucos minutos, que logo depois estava conversando comigo sobre peças que normalmente só homens conversam e entendem, me mostrando canos da casa dela (aqui é ainda bem comum as pessoas morarem em cima ou ao lado ou ao fundo da sua loja) e ficamos analisando juntas, sem muito conhecimento do assunto, qual era a peça que eu precisava. Terminou com ela fazendo questão de me devolver o dinheiro da peça errada, três reais e sessenta centavos, e curiosa para saber qual era a peça certa. Me falou para depois contar para ela qual era a peça quando eu descobrisse...!?
Depois disso eu ainda precisava achar a tal peça, comprar sabão para lavar louça, roupa e algumas comidas. E quando cheguei na próxima loja percebi que tinha esquecido minha carteira em casa. Fiquei com raiva de mim mesma, mas depois lembrei que tinha três reais e sessenta centavos devolvidos e resolvi ser criativa. Voltei para casa com a peça que precisava, um abridor de vinho, um sabão de coco e um miojo.
Jantei miojo feito no microondas... Não foi tão ruim.

E hoje, sai de bicicleta logo cedo, passeio na beira mar, dia lindo, montanhas, mar brilhante com reflexos do sol à caminho da Integrale para tomar café da manhã e também procurar um fogão e maquina de lavar usados para comprar.
Delícia, encontrei uma linda amiga de Ubatuba, foi super gostoso tomar café da manhã com ela e ainda peguei dicas de lugares de coisas usadas para procurar as coisas mais urgentes para minha casa: fogão, maquina de lavar roupas e uma mesa.
Faz algumas semanas que ando inquieta, bem mais do que costumo ser, com a desnecessidade de coisas novas. A obsolência programada, consumismo, geração de lixo.
Não dá mais para fingir que o problema não existe. O descarte de lixo é uma ilusão da sociedade. Voltei a sofrer com cada saquinho plástico de embalagem de algo que consumo. Vontade de não tirar mais o lixo de casa para ter claro que sou responsável por cada uma das coisas que consumo. Saber o tamanho do meu lixo, ter noção do espaço que ocupo, que degrado, que impacto.
Preciso urgente de um minhocário, e mudar minha alimentação de forma que o que eu consuma tenha menos embalagens...

Nossa, como enrolo para falar as coisas que quero, só agora cheguei no assunto do meu relato!

Tem um bairro em Ubatuba que chama Estufa. Lá a população é bem mais pobre e se vê uma Ubatuba mais escondida e também mais real.

Nesse bairro tem muitos ferros velhos, oficinas de conserto de bicicletas, pranchas de surf, moveis e eletrodomésticos.
Quando eu olhava uns fogões na calçada, um homem, quase senhor, jeito de pescador, que passava a toa de bicicleta me perguntou o que eu estava procurando e que se era fogão tinha um "brechó" com fogões melhores. Subi na bici e fomos em direção ao lugar. No meio do caminho ele me perguntou se eu queria comprar um fogão dele, que vendia por cem reais.
Fiquei na dúvida, e ele me convenceu a ir olhar o fogão que ele tinha na casa dele.
Pedalamos uns quinze minutos para chegar na casa dele. Fomos conversando o caminho todo sobre Ubatuba, eletrodomésticos, alugueis, fogões... Em um momento percebi que podia estar sendo inocente, o que eu estava fazendo, indo para a casa de um cara que nem conheço que não sei o que pode fazer comigo..?! Segundos depois que pensei nisso ele me perguntou se eu era casada e mais que depressa respondi que era noiva! Ficou aquele dilema dentro de mim, o homem era tão simples, tão legal, mas será...que...
Resolvi dar um crédito a minha intuição de que não tinha problema, que ele só queria mesmo me mostrar o fogão dele. E fiquei tranquila ao chegar na vila que morava, várias pessoas e vizinhos na rua cumprimentando...ok, sem problemas.
Ele já tinha me dito que o fogão dele era bem antigo, mas muito bom! Desses que não se fazem mais hoje em dia e duram a vida toda. Ele disse e eu concordei, coisas antigas duram mais...

O fogão dele. É o fogão mais bonito que já ví na minha vida! Engraçado achar um fogão, coisa bonita. Mas era, lindo mesmo! Antigo, desses esmaltados, em estado impecável, branco e azul. Adoro coisas brancas e azuis!
Fiquei impressionada quando ví, acho que ele percebeu, e já imaginei que lindo ele ficaria na minha cozinha nova.
Ficamos uns dois minutos olhando e conversando sobre o fogão e eu comecei a pensar que ele não deveria se desfazer de um fogão daquele...
E ele falava com orgulho e no fim também com carinho sobre o fogão, porque o fogão faz parte do dia a dia de forma funcional e pouco perceptível, é só uma "coisa", geralmente nada bonita, mas que no fim é importante sim, compõe aquela coisa aconchegante de cozinha e toda sua alquimia.
Aí que falei: Gostei muito do fogão, mas você não vai se arrepender de me vender?
Ele respondeu: Sim! - amoleceu e riu de leve.
E eu, fiquei emocionada...

Gente! Como um fato desse pode ser emocionante? Que carência é essa que vivemos como seres humanos?

E por outro lado, que espécie de negociante eu sou? Onde está meu sangue árabe?

Eu sabia que eu podia fechar o negócio na hora, não deixar mais ele pensar, pagar e levar o fogão lindo.
Mas propus de voltar daqui três dias, deixar ele pensar e decidir se queria mesmo me vender o fogão. Ele gostou da proposta, acho que se impressionou também com essa coisa que aconteceu e a dúvida que ele teve e que eu percebi e respeitei, sobre algo tão aparentemente simples, quase bobo.

Voltei para casa pela beira mar pensando mais um pouco em que espécie de ser humano sou, por essa e tantas outras coisas que compõe caraminholas da minha cabeça.

domingo, 18 de agosto de 2013

passagem

Natureza dentro
Natureza fora
dentro
fora
malas
poemas
e vou me embora

sábado, 17 de agosto de 2013

Mami,
estou me mudando de novo. Não sei se te avisei...
Estou levando algumas caixas e vou fazer a faxina de entrada no apê novo.
Fica lá no Itaguá, na rua da livraria Nobel perto da cooperativa.
Espero que você me ache, e esses passarinhos lindos daqui da casa vermelha também.
bjs
Li

segunda-feira, 29 de julho de 2013

texto para jogar fora

Hoje te amei tanto que sofri antecipadamente exageradamente

Por todos os beijos que quiz
Pelo êxtase desse momento
Pelo seu calor dormindo comigo
Por estar tão dentro de mim, que meu corpo pede e me perco em desejo

Sofri pela felicidade do nosso encontro e todos os desencontros que podem nos esperar
De ciúme de todas as mulheres que amou e das que ainda vai amar
Pelo acalento do seu filho que tenho vontade de abraçar
De desespero por toda a saudade que sinto, e que vai sempre nos acompanhar
De todo nosso amor vivido que um dia pode acabar

Porque quero eterno
eterno
e isso só posso desejar

sábado, 27 de julho de 2013

poesia para jogar fora

fotos, escritos, recordações
pratos, apetites e frustrações
uma fita guardada
um armário embutido
uma mala sem alça

poeiras de passado
flores secas entre papel de pão
tudo que eu não
ela sim
tudo que sim no atual não

procurando coisas em lugares errados
terríveis distrações

ênfases no drama
espécie de tortura
curiosidade que mata
metadrama



segunda-feira, 15 de julho de 2013

Oceano

No porto se faz mar
se mais
se cais
mar por to do mundo
mar por toda vida

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Conserva de aspargos

Só eu me impressiono com um vidro de aspargos brancos que vão durar até dezembro de 2015?

No pote transparente estão eles, de pé, apertadinhos, metodicamente infileirados. Umas cabeças mais pra cá outras mais pra lá, imoveis.
Com ou sem vida?
Conserva.
Conserva comporta uma vida?
Agora quero saber se vou comer aspargos vivos ou mortos.
Mortos, claro, morreram depois de serem cortados (eles são plantas!, e já foram meio verdes), depois cozidos (?) e depois mergulharam em conserva: Água e Sal. Contém ácido cítrico (limão) acidulante (que deixa mais ácido).
Então o acido conserva a vida, ou melhor, a morte, aspargos mortos para serem comidos por alguém vivo.
Mas até 2015?!?
Até lá posso mudar de cidade, levar eles junto, casar, comer com meu marido, ter filhos, se não demorar até eles podem comer, o primeiro aspargo de suas vidas, que nasceu e morreu antes deles!
Posso morrer também até lá.
Esses aspargos vão durar mais que algumas vidas de gentes.
"Aqui jaz uma jovem nada conservada, que cultivou muitas coisas mas morreu jovem e antes de comer seus aspargos."

Vou tratar de come-los logo antes que eles me comam, mas antes preciso pensar sobre a viagem espacial desses aspargos, falei de sua vida e morte mas ainda não da sua identidade e emigração.
Esses são do Peru, imagina...
Carregados dessa forma enfileirados de tão longe, devem ter viajado de avião ou navio...dormiram algumas noites em depósitos...passaram na imigração...ou não, viajaram como clandestinos mesmo, vai saber.

Poderia pegar esse vidro e lançar no mar como aquelas garrafinhas com mensagem que vão parar em outro continente e que revelam coisas inusitadas. Certeza que chegariam a algum lugar antes de 2015!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

encaixotamento

tudo se encaixa

eu encaixo
tu encaixas
ele encaixa
nós encaixamos
vós ninguém fala

eu em cachos
tu em caixas
ele em caixa
nós encaixamos
vos ninguém fala

caixas de papelão
gramática dura
gramatura fina

(setembro 2012)

nosso amor não começa e não termina em reticencias

nosso amor não começa e não termina em reticencias
um livro não começado
um desvio de caminho
uma surpresa para o almoço
muitos bons dias
muitas noites boas

tempo que passa e se atrasa
o meio da noite, o meio do corpo, o meio da boca, o meio da palavra
no meio da manha do dia que seria o que não foi
e foi quase tudo

a forma da lona, a forma da graça, a forma da inocência, a forma da fuga
uma profundidade extrema
uma leveza didática

uma mão com flores e espinhos
um sol com muito vento
uma noite muito quente

tropeço dentro e caio fora
tempo eterno até o próximo instante

(algum tempo perdido em 2012)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sedução e mistério


Conheci um moço menos previsível que o mar...
Aparece sem avisar e se vai num galope razante, ninguém sabe onde ele anda, ninguém sabe quando volta. Marca seus passos de independência, alguns traços de carência e a presente possibilidade de nunca mais se ouvir falar.
Há certa sedução no mistério

Mistério, oculto?
Ocultar para se preservar
Por um não compromisso
Por estar indiferente, recluso, indeciso, distraído, absorvido, confuso.
Se fazer ausente,
Independente
Livre

 “Livre é o estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

(25 de dezembro de 2011)

domingo, 11 de novembro de 2012

Aérea

passam por mim mil poesias
ou sou eu que passo por elas todos os dias
ou faço poesias do dia
ou é só travessia viva

sábado, 4 de agosto de 2012

Tático

Tático
sejamos práticos
nada mais estático

forma in
ação
pira ins
pira res
pira
tudo em trans forma ação

sábado, 14 de julho de 2012

Ouverture La Vie En Close


em latim  
“porta” se diz “janua”
e “janela” se diz “fenestra”
a palavra “fenestra”
não veio para o português
mas veio o diminutivo de “janua”,
“januela”, “portinha”,
que deu nossa “janela”

“fenestra” veio
mas não como esse ponto da casa
que olha o mundo lá fora,
de “fenestra”, veio “fresta”,
o que é coisa bem diversa

já em inglês
“janela” se diz “window”
porque por ela entra
o vento (“wind”) frio do norte
a menos que a fechemos
como quem abre
o grande dicionário etimológico
dos espaços interiores

(Leminski, La Vie en Close)

ante à janela

Oh juventude que nem bossa nova teve
Baque?

Mas não é de passado que se vive, se vive de sim do presente, de desejo, de sonho, de inconformidade
Nem sempre as pessoas são admiráveis, as vezes mais fácil viver de música, cinema e poesia
"Impregar de sentido aquilo que fazemos a todo momento"
"arte" imitação da vida?
E esperança vêm também da construção de valores coletivos, desafio!

Pensamentos vagos que pairam ante à janela.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

amor de mansinho

Ele me espreita sobre a fresta, avaliando se hora de chegar
Eu o respeito de longe, suspeito de perto e se paro para olhar, tenho o impulso de sair correndo
Correr, correr, correr

O Itamar escreveu na música: "quando estou longe, quero ficar perto...quando estou perto, quero ficar dentro...quando estou dentro, quero estar mudo...quando estou mudo, quero dizer tudo"

E é isso mesmo. Mas depois do "quero dizer tudo" e estou longe, quero estar mais longe! Num longe que já existiu e não existe mais. Num longe onde nem fazia tanta questão de estar perto, nem dentro, e de forma ridícula e fria, me sentia livre, feliz e autosuficiente.

Já tive tantas certezas, e hoje parece que nenhuma tenho. Não sei o que é isso, não sei o que fazer e onde me esconder.
Efeito abobalhado!

Nem pude responder a pergunta do amor
Estou gostando de você, e agora?

E agora? E agora... não sei. Não sei.

sábado, 30 de junho de 2012

mudança

não sei o que é mais móvel
objetos ou os significados

objetos vão e deixam espaços vazios
significados nunca se vão, se transformam, bem como ao seu significante ou não

o significante que se vai deixa igual o espaço vazio, mesmo que o significado permaneça
como sempre, nunca igual

tem coisas que nunca se vão, e essas (suspiro)

na bagagem da mudança pesa o medo, a ansiedade, o desejo, as lembranças, o orgulho, a felicidade, a certeza e a inconstância


lagarta que sai do casulo em geral se transforma em borboleta


quinta-feira, 22 de março de 2012

Amor e Chuva

Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama 


(Shakespeare)

sábado, 3 de março de 2012

Estrela Julie

As árvores que voce plantou já enraizam novas possibilidades
Häo de arejar esse solo e firmar nossa real natureza
Uma flor morreu no asfalto
Lapso de tempo e cidade que perde sua humanidade

Sua estrela brilha no céu preciosa Julie
Essa luz vai permanecer acesa para sempre
Fazendo brilhar sua vontade em cada um de nós, a cada pedalada dessa vida.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tudo

Tudo isso e mais um pouco
Tudo aquilo e mais um tanto
Tudo sim ao mesmo tempo
Tudo é podre tudo é santo
Tudo eu ponho tudo eu pego
Tudo eu canto tudo eu calo
Tudo sobe além do alcance
Tudo desce pelo ralo
Tudo agora inesgotável
Tudo afora não sabido
Tudo é um grande mistério
Ou então tudo é libido
Tudo em cima eu agradeço
Tudo ao lado eu desconfio
Tudo é sempre um recomeço
Tudo é sempre um desafio
Tudo que se pensa existe
Tudo que se planta brota
Tudo aqui é só verdade
Tudo ali é só lorota
Tudo é um morango doce
Tudo é um morango azedo
Tudo muda todo instante
Tudo me dá tanto medo
Tudo assim tão demorado tudo assim tão repentino
Tudo é bom, tudo é pecado, ai meus tudo é divino
Tudo é mesmo um só momento
Tudo sempre a mesma hora
E se um dia tudo acaba
Tudo quero e quero agora

(Flávio Tris)

domingo, 30 de outubro de 2011

Segundo silêncio

Não, esse não é o primeiro, já é o segundo.
Que bom que consegui um momento de silêncio.
Por favor telefone não toque! Não por hora.
Esse silêncio é meu presente.

Daqui sinto e vejo a grande e estrondosa roda em movimento à triturar qualquer pequeno ciclo.
Na circunferência interna tudo é mais denso, rígido e permanente, pequena como sou.
Na amplitude externa, janelas para o horizonte do passado e do futuro mesclados. Alguns personagens, paisagens e muitas reticências...

Fico com meu tempo místico, que é o que me vale.

Na ponta, uma mulher espia sobre a colina
um homem questiona o mar
e a vida selvagem rasga em fendas o tempo.

(outubro de 2011)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Refazendo tudo, refazenda

Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo, refazenda. Refazenda toda.
(Gil)

terça-feira, 24 de maio de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

pedacinho de mim

Cada dia mais um pedacinho dela se vai
São lascas de matéria dura e concreta arrancados um a um
Me tiram calorzinhos e afagos únicos, lasquinhas preciosas de um amor que acredito que só entenda que também já os perdeu. Não há histórias, relatos, enfim, palavras que possam dar a dimensão do que a falta dela represente para mim, nem eu mesmo sei o que sou faltando-me minhas lascas.
E cada espaço de materia concreta, dura e quente que se tira, deixa um espaço livre, rarefeito, escuro e seco, aberto para ser preenchido por qualquer coisa de matéria nova, incipiente e frágil.
O tempo de que necessito para escolher a matéria nova a preencher o espaço vazio é maior do que a velocidade com que este espaço se preenche de coisa não escolhida, e ainda por cima não identificável.
Sim, a identificação também leva tempo...
Se pudesse pegava toda a matéria das lascas perdidas, juntava e ficava amassando tempos a fio até se tornar mole e moldável, aproveitando cada apertar dessa massa orgânica.
Queria poder fazer dela o que eu quisesse, moldar até o necessário, até endurecer, esfriar e se encaixar perfeitamente no espaço livre da minha falta.
Ah se a gente pudesse...

Os dias passam e nos sentimos aliviadas pela força que tornou possível superá-lo, e assim seguimos como quando esperamos pacientes por uma fase que sabemos que logo mais se finalizará, porem driblamos os dias fingindo não saber que o contexto é outro, não é uma fase e não vai nunca acabar.
A morte é mais eterna do que a vida.

(abril, 2011)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

noites de ontem

Por baixo do teu vestido
Vive o meu raciocínio.
Tento adivinhar a cor
Da tua roupa interior
E penetrar nos teus domínios
(...)
Mandas tu no meu querer
Mando eu no teu tesão
Em cada gesto, em cada gemido
Eu descubro finalmente
O que vim fazer aqui
E vou descobrindo em ti
Os medos que eu próprio tenho
As fantasias, os sonhos
Que queremos encontrar.
Chegamos sempre a acordo
Mesmo em pontos discordantes
O sexo é tão importante
Como é a amizade
E eu tenho sempre saudade
Da noite de ontem à noite
(...)
Eu vou longe, eu viajo
Eu saio daqui pra fora
Eu quero levar-te embora
Para um lugar discreto
Uma casa no meio do mato
Uma lareira, um cão quieto
Eu, tu e a Mãe natureza
Eu só quero confirmar
O que já está confirmado
(...)
Tudo me é permitido
Por baixo do teu vestido
Existe um mundo secreto
E outros por inventar
Existe um clube privado
Onde só eu posso entrar

Trechos da poesia Clube Privado de Fernando Girão

...apalpava-lhe as mamas com dedos lassos. Dedos que lhe escorregavam nas axilas, frouxos. O côncavo da mão recusava-lhe os bicos. Afagava-a em medrosos receios. 
(...)
E era sexo o que ela queria. Sem denguices e nem rodeios.
Encostou-se nele. Sentiu-o intenso sobre o vestido fino. Segurou-lhe as nádegas. Redondas, tensas. Roçou-se. Cabrita-montesa, pendurou-se-lhe no pescoço. Ganhou-lhe vantagem. Quebrou-lhe a anca magra com as pernas, nuas de saia. Desceu-se lenta. Desfez-lhe o cinto. O botão. O fecho: de cima para baixo, que é o jeito.
Mirou-o: quedo, surpreso decerto.
(...)
Ele depressa se desentendeu com os receios. Arrematou-os. Limpou-se de surpresas. Juntou-se a ela na luta contra eles. Beijou-lhe a boca, sôfrego. Atabalhoado, a língua que lhe rebuscaria interiores, nem eles ainda o sabiam, dançou-lha por cada mamilo em redondos molhados. Ainda não cuspidos, isso a noite o ditaria, mais o desassossego da lua e da partida.
(...)
Não mais amanhã. E nem depois. Quem sabe, nunca mais.
Desprendeu-se do corpo dele que levara susto. Ela riu-se.
(...)
Quente animal em cio, passou-lhe a mão entre as virilhas a sentir-lhe o membro. Apertou de leve num misto de raiva e em afago. Num desespero, pensaria, se fosse, ao momento, o caso. Se fosse mais tarde. Um dia.
(...)
A lua iluminava o quarto sem mais móveis do que a esteira desdobrada no chão de cimento. Isso, e um pano de cores a servir de nada aos corpos deles, nus, ferventes, e ao quente da noite com lua.

Trechos da poesia de Maria de Fatima

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Leminsk e Chaplin

Bem no Fundo


No fundo, no fundo, 
bem lá no fundo, 
a gente gostaria 
de ver nossos problemas 
resolvidos por decreto 

a partir desta data, 
aquela mágoa sem remédio 
é considerada nula 
e sobre ela — silêncio perpétuo 

extinto por lei todo o remorso, 
maldito seja que olhas pra trás, 
lá pra trás não há nada, 
e nada mais 

mas problemas não se resolvem, 
problemas têm família grande, 
e aos domingos saem todos a passear 
o problema, sua senhora 
e outros pequenos probleminhas.

(Leminsk)


Nada é permanente nesse mundo cruel. 
Nem mesmo os nossos problemas.
(Chaplin)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

semporquês

porqueosonhovoltaemeiavoltadenovo
sonheiquevoltouemmeioaosonhocheiodeporques
volteiporquevocêvoltouemmeioaomeusonho
vocêsemporquesemseránãotevenenhumsonho
talveztenhasonhadosozinhaosonhoquevocêqueriater
deimeiavolta
mergulheinosonho
evoltoaesquecer

Sonhei (mais uma vez) voltas e meias, o homem dos meus sonhos

Sonhei que estava dentro do seu sonho
E não podia me expressar
Meu sonho era tão tímido e confuso
Mal consigo recordar
Seu sonho sim causava sensação
Brilhante como poucos sonhos são
Seu sonho tinha tudo resolvido
Tudo fazia sentido
Mesmo sem interpretação
Meu sonho estava ali tão deslocado
Um simples conteúdo sublimado
Se ao menos pra livrar-me desse estado
Alguém tivesse me acordado
Mas tive a sensação que foram horas
Foram dias foram meses
Em que tive o privilégio
De estar sempre ao seu lado
É claro que seria bem melhor
Se você tivesse reparado
Mas nada no meu sonho
Abalava o seu ar imperial
Meu sonho estava dentro do seu sonho
Que era o sonho principal
Sonhei que nem mesmo dentro do seu sonho
Haveria solução
Sonhei que achei um meio infalível
De chamar sua atenção
Sonhei que não havia mais ninguém
Você iria então olhar pra quem?
Sonhei que estando ali tão disponível
Sendo o único possível tudo acabaria bem
Sonhei que você veio pro meu lado
Meu coração bateu descompassado
Sonhei que seu olhar no meu olhar
Já estava um pouco desfocado
Sonhei que pressenti alguma coisa
Que corri ao seu encontro
Que por mais que eu corresse
Chegaria atrasado
Sonhei que nosso encontro foi etéreo
Você tinha evaporado
Mas tenho que dizer
Sonhei o sonho que sempre sonhara sonhar
Você, sentindo a força do meu sonho
Fez de tudo pra acordar
LuiZ Tatit

terça-feira, 31 de agosto de 2010

memorias

Cabelos loiros e secos, pele seca e clara, com muitas sardas, pequenos pelos claros na face, um nariz lindo, coisa dificil de se achar bonito, você tinha.
Olhos bem grandes, aparecendo bastente branco em volta da íris cor azul escura. De vez em quando um olho de peixe morto. Com pele em cima dos olhos que pesam sobre o olhar, assim como eu. Pensamos de brincadeira que um dia fariamos uma plastica para tirar esse tanto de pele que temos sobre os olhos, rs.
Várias verrugas grandes, também que tirariamos assim que o proximo inverno chegar. Aquela minha das costas e do rosto e você...não consigo mais me lembrar, qual era a verruga que iria tirar?
Teimava em mexer o tempo todo nos cabelos e em não ligar para os shampoos sofisticados para cabelos especificos. E assim os cabelos se mantinham sempre muito secos e iam espanando depois do banho. Vira e mexe fazia umas luzes, coisa que adorava, ficava feliz e sentia-se bonita.
Lembrei de outra coisa, a maquiagem dos olhos, com deliniador e himel! Himel, artigo ultra especial!
Himel, o céu em alemão. Azul profundo que consquistou de sua cor preferida.

Tenho medo da memoria que escapa fulgazmente, os detalhes vão indo embora quando mais preciso deles.

A voz, sinto falta da voz, da conversa. Voz alta de quem não ouve tão bem depois de anos de professora em escola. Atende o telefone e vem conversar bem alto com a pessoa do outro do lado linha, bem do meu lado!
Desliga o telefone e me conta sobre a vida de pessoas que eu nem sei quem são.
Esquece o que estava fazendo antes da ligação, assim como eu também esqueço e vou deixando as coisas pela metade.
Esquece de pagar a conta, esquece o fogo ligado, mas lembra sempre de dar muitos beijos nas filhotas queridas. De dar todas as suas opiniões sobre a nossa vida.
Ama, ama, incondicionalmente suas crias.
Segura na minha cintura e fala "como você é magrinha, adoro sua cinturinha!"

Suspira de saudade eterna do Guarujá, do mar, das ondas, da filha que foi para a Alemanha. Pede para ela voltar, acha que o lugar dela é aqui.

Admira a filhota que foi para a Alemanha, faz ela escrever emails toda a semana, pede para ela ligar sempre e sempre me deixa ficar muitos mais tempo conversando com ela do que ela própria.

Me liga três vezes por dia, para perguntar onde estou, o que vou fazer, que hora vou voltar.
Fala para tomar cuidado, para não voltar tarde, para avisar quando chegar na praia. Cuidado com a estrada! Não gosto desse negocio de vocês irem viajar à noite, na estrada, vai que fura um pneu!

Ai saudade, saudade imensa.

domingo, 20 de junho de 2010

Areia

areia pra deixar cair
no centro da ampulheta
eu vejo enquanto espero
aquilo que mais quero
o meu amor virá
madrugada lenta
as luzes piscam letras
na janela venta
enquanto o carro vai
areia pra passar
areia pra passar

areia como tempo
através do vidro
cai pelo orifício
revirando o ar
atravessando a praia
maior que um saara
até chegar no mar

A. Antunes

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vou lutar porque quero viver e ficar mais um tempo ao lado de vocês.
Mas se vier muito sofrimento físico, peço que compreendam e me deixem descansar em paz.
Não quero sofrer demais no hospital.
Tive uma vida linda.
Fui muito feliz.
Sou espiritualista.
Não tenho medo da morte. Para mim isso é muito suave e tranquilo.
A saudade é que é muito ruim porque não passa e não tem cura, mas um dia todos nós nos encontraremos.
Não se afastem totalmente da Odusta. Lá vocês encontrarão muita ajuda e força.
Mas agora ainda é hora de lutar.
Trabalhar.
Prometo que farei o possível para me curar e ser ainda mãezona por mais algum tempo.
Não quero deixá-las. Vou ficar com vocês sempre.
Amo demais vocês minhas princezinhas.
Prometo lutar até o fim.

Vívian, abril de 2010.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Licença Poética

"Odeio branco, não agüento fundos brancos, nem paredes, nem roupas.
Também não agüento tempos sem vento.
Na verdade não conheço bem tempos sem ventos, mas às vezes vem uma calmaria branca aguda que me deixa desorientada.
Sonho sempre com tempos sem ventos, eu com um vestido branco, caminhando sem destino, sem tempo, sem contexto..."

http://ventosinternos.blogspot.com/

sábado, 10 de abril de 2010

Vai chegar

E logo em breve já sente,
Que o que ficou já valeu
Faz tempo que a gente trabalha
O quanto se pode resistir
E se a vida se atrapalha
Eis a hora de persistir
Que não há nada que falte ao que pode existir

Vai rodar o mundo, vai rodar o ciclo
Vão rolar as pedras, vai virar areia
Vai chegar no mar


A gente planta a roseira
No tempo do inverno chegar
E de tempestade passageira
É que a flor vai brotar
Elas chegam sorrateiras
Uma a uma a vingar
E eis que chega a primavera
E jardim pode se mostrar


Vai rodar o mundo, vai rodar o ciclo
Vão rolar as pedras, vai virar areia
Vai chegar no mar


O destino não vem
Como se poderia prever
Mas não há sonho que brilhe
que não se possa dividir
A gente segura a corrente
E junta a força que há
E se precisar a gente briga
Para o sonho vingar


Vai rodar o mundo, vai rodar o ciclo
Vão rolar as pedras, vai virar areia
E vai chegar no mar


Faz samba da ginga
Faz samba do amor
Faz samba da birra
Faz samba por favor
Faz samba e levanta
Pra gente dançar
Faz samba e se lembre
Que a primavera vai chegar

sexta-feira, 26 de março de 2010

Roda Viva

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

(Chico Buarque)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Get Out

Get Out

Obs: Usar Full Screen mode! Qualidade otima!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sim, como é bom sentir admiração! E admiração facil.
Quanto mais leio o Chaplin, mais perplexa fico com a constatação de que ser genioso é um passo tão pequeno para o exercicio do potencial humano, apesar de tão raro...porque?
É cansativo ver tanta possibilidade desperdiçada, tanta falta de esforço e preguiça persistente.
Que falta de sentir mais admiração pelas pessoas que estão ao redor cotidianamente, parece tudo tão arido, tão pouco, tão raso.

Pelo amor deus, como faço para parar de ver a maior parte das pessoas como pobres animais? Não posso aplaudir pequenas manifestações de criatividade humana. Que droga! Que droga querer mais, esperar mais e não se contentar com pouco. Uma droga, porque incomoda e muito, e cansa sobretudo.
Mas agora essa assunto não vai me levar muito longe, e comecei isso por admirar o Chaplin e não por não admirar a maior parte das pessoas.

Mas é isso, vou me deliciar lendo as coisas dele e depois sair para tomar uma cerveja, e se conhecer alguém por aí, quem sabe possa ter uma admiração que chegue proximo a existencia do meu proprio nariz, de palhaça! Ai vida dura...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Explícito


Volta e meia homem dos meus sonhos
Volta e meia puxo-te a alma

Pairando goles de garoa fina
Me coloca contra a parede, levanta areia assentada e lá vem o vento intenso de sopro do sul
“Chamo pela Lua de prata para me salvar
Promessas de Sol já não queimam o meu coração”

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Recadinho para o meu coraçãozinho

Para a Lua Oriental, no velho continente:


É muita luz prá pouco túnel é muita areia para o meu caminhãozinho

algo me diz prá ser sutil não faço idéia mas me resta um caminho
pedir socorro teu perfume é tão fatal quanto as patas de um felino

Pode parecer incrível me deu na telha te dar meu coraçãozinho

Ser feliz é bem possível a lua cheia me reduz a pedacinhos
seu viro prata lobisomem eu viro viro vampira viro menina

Ser feliz é bem possível a lua cheia me reduz a pedacinhos
eu viro prata eu viro loba eu viro viro vampira viro menina

Me deu na telha te dar meu coraçãozinho
Me deu na telha te dar meu coraçãozinho
Me deu na telha te dar meu coraçãozinho
A lua cheia reduz nós duas a pedacinhos

trechos da adaptados da música Sutil de Itamar Assumpção

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


He had brought a large map
representing the sea,
Without the least vestige of land:
And the crew were much pleased
when they found it to be
A map they could all understand.


Lewis Carroll

terça-feira, 25 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Petit fleurs do jardim urbano

Eramos duas
eu e a carne da minha perna
chegou com sua caneta hidrografica pintando o céu de azul intenso
enquanto as ruas se derretiam em purpurina
e o ceu nunca mais foi o mesmo, e as ruas nunca tão brilhantes
chegou para nunca me deixar só

mas por vezes eramos duas
por vezes uma em mim só

ela chegou com seu sorriso libidinoso e infantil
o qual conservou durante os anos perfumados que se seguiram
acrescentou seus paetes numa sinceridade nunca vista
tumultou os corações e pintou todos os labios de suas cores preferidas
e então eramos tres

por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou com seu silencio denso
de poucas palavras essenciais
por vezes dobradas em origamis
por vezes desdobradas em notas musicais
soltou a voz e o silencio, em som e furia e coração profundo
e então eramos quatro

por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou extravagante
espaçosa e ofegante
menina urbana elegante
com estanho coração caipira que de repente se cala, se recolhe, se refugia
e guarda a terra de seu jardim
e então eramos cinco

por vezes quatro
por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

ela chegou diferente
de tudo que me parecia pertinente
e foi me marcando gradativamente
com pulsos fortes e precisos
determinada em ser grande
com sua beleza de saltos altos
pronta para virar abobora depois da meia noite
e então eramos seis

por vezes cinco
por vezes quatro
por vezes tres
por vezes duas
por vezes eu em mim só

e mais uma recentemente
chegou como que de repente
saltando obstaculos em passos largos
pondo lente nova para os mesmos atos
e espalhando belas petalas pela janela
e então eramos sete

por vezes seis, cinco, quatro, tres, duas
petit fleurs do jardim urbano
mas nunca mais sós.

(ago-2009)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sustenido II

Sim
Sinto isso e mais um pouco

Está na dúvida se senti aquilo tudo?
Senti tudo e mais um pouco

Pensei em te dizer?
Muito mais do que você imagina

Imagina tudo que eu poderia te dizer?
Poderia muito mais
Eu posso muito mais
Você pra mim é pouco
Isso tudo não é nada
Eu também sou pouco para você
Muito pouco

Mas alguém está querendo sentir mais?

Escuta, você quer mais que isto?
Quer?
Quanto?
Até onde vai sua imaginação?
Até onde você vai?

Eu ainda nem comecei...

(2006)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Custo de Vida

E as vezes o mundo da voltas que nem a cabeça é capaz de acompanhar.
São tantas as incoerencias de gente que não sabe onde chegar.
Torturamos os outros animais pela beleza impecavel e saude garantida, gente morre de fome e tristeza pela felicidade e sucesso de outros, se opta pelo silencio em troca de qualquer conflito, se opta pelo silencio para chegar ao fim do dia, para não chegar atrasado, para não se sentir sozinho.
Temos animais, gente miseravel e africanos como cobaias. Na incoerencia de buscar um mundo melhor para alguém? O custo de vida anda alto demais...me parece.
Alias, custo de vida nunca me pareceu uma expressão tão clara e tão perversa.
Parece piada de mal gosto que se tenha por todo lado certos uns, que alias são muitos, de imenso sucesso profissional, que aprendem a dar rasteiras como ninguém, fazer politica como se fosse moeda de troca, e dormir depois como se fosse deus.
No mundo são 100 milhões de animais de morrem em decorrencia de testes de laboratorio anualmente, enquanto as mesmas empresas discursam a favor de um mundo sustentável.
Milhões de trabalhadores contaminados por quimicos que sacrificam a propria vida na criação de produtos seguros
Se poe em risco a biodiversidade em troca de tomates maiores, mais vermelhos e mais baratos.
Antes fosse só o tomate. Até roupas carregam agrotoxicos do algodão e muitas pessoas não sabem de onde vem as alergias.
No nordeste o problema é a seca, depois o diluvio, e parece que é o clima é que está louco?!
Hoje tomando banho me dei conta que esse coisa de trabalhar na tentativa de um mundo melhor, mais justo deve estar acontecendo desde do inicio da humanidade, desde que surgiram dois homens é provavel que um caminhava para um lado e o outro para o outro.
E seguimos, indo, uns para um lado, outros para outro.

domingo, 15 de março de 2009

Sustenido

Você já afinou um violão? É um tal de aperta-e-afrouxa-cordas, até que possam vibrar no som ideal. Definiu-se um código de harmonia sonora, e a gente segue. Sem questionar. Sol é sol, e pronto. Lá e lá e estamos conversados. Depois que se pega o jeito, a gente tira de letra e faz a música.
(...)
Então a Vida, que é feita de sons e ritmos, será harmônica quando nos afinarmos com ela. Cada um na sua escala, juntando seus tons e compondo seus sons. Únicos. Harmonizando-nos com a cadência da hora. Quem achar que o outro deve se afinar mais e melhor, está desafinando, até que se dê conta da solução.
Nós, como cordas de violão, temos tons únicos. Um é dó, na clave de fá, outro é si na clave de sol… Tem ainda os bemóis e os sustenidos, que junto a dós, rés e mis e pausas, estamos aqui para compor a melodia mais harmoniosa possível.



Por Maria Lucia Solla

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009



Sempre pensara em ir caminho do mar.
Para os bichos e rios nascer já é caminhar.
Eu não sei o que os rios têm de homem do mar;
sei que se sente o mesmo e exigente chamar.

João Cabral de Melo Neto

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Religiosidade III

E para completar, uma noite tive um sonho...eu estava num lugar todo branco, havia mesas e pessoas sentadas nelas, todas discutindo como é poderiamos mudar o mundo. Queriamos um mundo de mais amor e paz e todos alí meditavam sobre o assunto, um pouco desanimados. Eu interrompi o silencio dizendo que eu sabia como mudar o mundo...e cantei uma musica para nós e nesse momento minha voz ecoou no espaço enquanto eu sentia uma imensa paz e felicidade dentro de mim.

Era uma musica do Caetano Veloso, e curiosamente eu não me lembro de ter prestado tanta atenção a essa musica antes desse sonho. Mas depois desse sonho curioso e bonito, passei a ouvi-la muitas vezes e estranhamente parece que veio como uma mensagem realmente.

Vela leva a seta tesa
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza

Zera a reza, meu amor
Canta o pagode do nosso viver
Que a gente pode entre dor e prazer
Pagar pra ver o que pode
E o que não pode ser
A pureza desse amor
Espalha espelhos pelo carnaval
E cada cara e corpo é desigual
Sabe o que é bom e o que é mau
Chão é céu
E é seu e meu
E eu sou quem não morre nunca

Vela leva a seta tesa
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza

Para ouvir: http://br.youtube.com/watch?v=HQaKROzvQ2U
Como eu queria ouvir um dia a Bethânia cantando isso...

Religiosidade II


O porquê que em algum momento achei que Alberto Caeiro era meu pastor... porque é exatamente desta forma que ando com Deus a toda hora.


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Religiosidade

Ha algumas semanas atrás, andei especialmente incomodada com algumas expressões de falta de responsabilidade das pessoas sobre a vida e sua consequências, além da responsabilização de Deus por tudo que acontece.

Foi mais ou menos assim, trabalhando perguntei a uma pessoa se ela poderia estar presente numa atividade que aconteceria ainda na mesma semana. Ela me respondeu: Se Deus quiser.
O que me incomodou é que não pude entender se ele iria ou não estar presente, fiquei pensando como é que eu ou ele ia saber se Deus iria querer que ele estivesse presente, e então tive que esperar até o dia. Parece que ¨Deus quis¨ e ele chegou.

Bom, na mesma semana, também trabalhando, estavamos decidindo sobre algumas coisas importantes e uma das pessoas disse concluindo: Vamos deixar na mão de Deus, que ele sabe o que faz!
Eu não duvido disso, acho que Deus sabe o que faz, mas e nós? Sabemos o que estamos fazendo?
Fiquei com um misto de pena de Deus e das pessoas, afinal são tantas as pessoas e coisas a serem decididas que acho que tem que rolar uma parceria, porque ¨entregar na mão de Deus¨ me parece um pouco comodo demais. Ainda pensei, ok, e se não der certo... será porque Deus não quiz, porque não deu conta, ou porque as pessoas envolvidas não assumiram suas responsabilidades...? Ou porque não somos merecedores da dadiva divina, ou porque não fizemos por merecer...talvez por não assumir a responsabilidade que nos cabia e Deus se aborreceu?

No meu misto de influencia espirita, catolica, antroposófica, cientifica e principalmente do vicio em observar a natureza, aprendi a me incomodar com uma serie de coisas, adorar outras, refletir sobre tudo e a cima de tudo continuar observando.

Sei que as conclusões são necessárias, porém também que elas estão sempre em continua mutação.

Há alguns anos atrás cheguei a conclusão de que o Sagrado e o Profano, são a mesma coisa. Assim como em outro momento, anterior tive a certeza de que a Lua era Deus, e depois de que Deus estava presente no fogo e na linha do horizonte. E em mais um momento senti que eu era Deus. E também em algum momento de que Alberto Caeiro era meu pastor! Assim como Jung via Deus nas borboletas.

Nunca me desfiz de nenhuma dessas conclusões. E apesar de me incomodar quando alguém passa a responsabilidade da sua e nossa vida para Deus, adoro quando alguém fala: Fique com Deus! Aí sim, me sinto abraçada por todo o universo de poder, beleza e aprendizado que a vida é, e que está dentro e fora de mim.

Do meu incomodo com a falta de responsabilidade das pessoas sobre a vida e delegação de suas tarefas e responsabilidades ao seu Deus, percebi que de uma forma ou de outra isso me deixou mais religiosa com minha exigencia do que acredito que a vida e as pessoas podem ser.

Amém!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dia Branco III

São dias de silêncio, inteiros de aço e flor
Acidez em branco e preto, nem o vento se manifesta
Quietude

Desejos reclusos, pensamento vago e nenhuma certeza presente

Só eu,
em mim só.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


Fotos: Frans Krajcberg, registro de queimadas na floresta amazonica.

Amazonas: Estado brasileiro com a maior bacia hidrografica do mundo, além da importante vegetação.

O nome do rio e estado do amazonas tem origem e associação às Amazonas da mitologia grega pela existencia de tribos de mulheres guerreiras com as quais foram comparadas pelos europeus.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Prometeu Acorrentado

Prometeu - Ó divino éter! ó sopro alado dos ventos! Regatos e rios, ondas inumeráveis, que agitais a superfície dos mares! Ó Terra, mãe de todos os viventes, e tu, ó Sol, cujos olhares aquecem a natureza! Eu vos invoco!... Vede que sofrimento recebe um deus dos outros deuses! Vede a que suplício ficarei sujeito durante milhares de anos! Os benefícios que fiz aos mortais atraíram-me este rigor. Apoderei-me do fogo, em sua fonte primitiva; e ele tornou-se para os homens a fonte de todas as artes e um recurso fecundo... Eis o crime para cuja expiação fui acorrentado a este penedo, onde estou exposto a todas as injúrias!
As Ninfas descalças, visitam Prometeu acorrentado e questionam sua condição, o teria ele feito para tamanha punição.
Prometeu - Dei-lhes uma esperança infinita no futuro. - Se referindo ao desespero dos mortais.
Ninfas em côro - Oh! que dom valioso fizeste aos mortais!
Prometeu - Além disso, consegui que eles participem do fogo celeste.
Ninfas em côro - O fogo?!... Então os mortais já possuem esse tesouro?