sexta-feira, 26 de novembro de 2010

noites de ontem

Por baixo do teu vestido
Vive o meu raciocínio.
Tento adivinhar a cor
Da tua roupa interior
E penetrar nos teus domínios
(...)
Mandas tu no meu querer
Mando eu no teu tesão
Em cada gesto, em cada gemido
Eu descubro finalmente
O que vim fazer aqui
E vou descobrindo em ti
Os medos que eu próprio tenho
As fantasias, os sonhos
Que queremos encontrar.
Chegamos sempre a acordo
Mesmo em pontos discordantes
O sexo é tão importante
Como é a amizade
E eu tenho sempre saudade
Da noite de ontem à noite
(...)
Eu vou longe, eu viajo
Eu saio daqui pra fora
Eu quero levar-te embora
Para um lugar discreto
Uma casa no meio do mato
Uma lareira, um cão quieto
Eu, tu e a Mãe natureza
Eu só quero confirmar
O que já está confirmado
(...)
Tudo me é permitido
Por baixo do teu vestido
Existe um mundo secreto
E outros por inventar
Existe um clube privado
Onde só eu posso entrar

Trechos da poesia Clube Privado de Fernando Girão

...apalpava-lhe as mamas com dedos lassos. Dedos que lhe escorregavam nas axilas, frouxos. O côncavo da mão recusava-lhe os bicos. Afagava-a em medrosos receios. 
(...)
E era sexo o que ela queria. Sem denguices e nem rodeios.
Encostou-se nele. Sentiu-o intenso sobre o vestido fino. Segurou-lhe as nádegas. Redondas, tensas. Roçou-se. Cabrita-montesa, pendurou-se-lhe no pescoço. Ganhou-lhe vantagem. Quebrou-lhe a anca magra com as pernas, nuas de saia. Desceu-se lenta. Desfez-lhe o cinto. O botão. O fecho: de cima para baixo, que é o jeito.
Mirou-o: quedo, surpreso decerto.
(...)
Ele depressa se desentendeu com os receios. Arrematou-os. Limpou-se de surpresas. Juntou-se a ela na luta contra eles. Beijou-lhe a boca, sôfrego. Atabalhoado, a língua que lhe rebuscaria interiores, nem eles ainda o sabiam, dançou-lha por cada mamilo em redondos molhados. Ainda não cuspidos, isso a noite o ditaria, mais o desassossego da lua e da partida.
(...)
Não mais amanhã. E nem depois. Quem sabe, nunca mais.
Desprendeu-se do corpo dele que levara susto. Ela riu-se.
(...)
Quente animal em cio, passou-lhe a mão entre as virilhas a sentir-lhe o membro. Apertou de leve num misto de raiva e em afago. Num desespero, pensaria, se fosse, ao momento, o caso. Se fosse mais tarde. Um dia.
(...)
A lua iluminava o quarto sem mais móveis do que a esteira desdobrada no chão de cimento. Isso, e um pano de cores a servir de nada aos corpos deles, nus, ferventes, e ao quente da noite com lua.

Trechos da poesia de Maria de Fatima

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